sábado, julho 12, 2008

PATRICIA HITCHCOCK COMPLETOU 80 ANOS




Gostaria de ter sido actriz mas o seu pai nunca a encorajou determinantemente a seguir as passadas dessa vocação natural. Talvez fosse mesmo verdade que Hitchcock acreditasse na ironia com a qual gracejava: «Uma actriz não é uma mulher respeitável».
A perspectiva de ver a filha beijar inúmeros homens diante das câmaras e potencialmente a recriar comportamentos que o desagradassem não o deixaria entusiasmado nem feliz.
Deveria encontrar-se uma melhor forma de vida para Patricia. Ela brincou um pouco com a ideia de ser actriz. E parece que gostou. Mas não parecia particularmente talentosa nem era muito bonita.

Obteve uma graduação no Marymount High School em Los Angeles mas quis participar nos palcos americanos e ingleses. Podemos vê-la em «Pânico nos Bastidores» (1950) ao lado de Jane Wyman; em «Desconhecido do Norte Expresso» (1951) como a irmã da amante de Farley Granger – aquela que, com os seus óculos de lentes grossas, se parece de modo crasso com a vítima do assassino. E em «Psico» (1960) como a pitoresca colega de Janet Leigh.

Patricia Hitchcock participou numa dezena de episódios da série televisiva do pai, «Alfred Hitchcock Apresenta». Fez aparições fugazes e discretas em filmes como «The Mudlark» (1950) de Jean Negulesco ao lado de Alec Guiness e«Os Dez Mandamentos» (1956) de Cecil B. DeMille.

Hoje permanece a grande herdeira financeira do legado de Hitchcock. Ela e a sua família são detentoras de grande parte dos direitos dos filmes. E, como se sabe, eles são constantemente repostos nas televisões e reeditados no mercado.

Faz depoimentos em muitos dos documentários sobre Hitchcock, falando dele, da sua personalidade e dos seus filmes. Também escreve. É co-autora do livro «Alma: A Mulher por detrás do Homem», sobre a sua mãe, em parceria com Laurent Bouzereau.
Lê o que outros escrevem e sentencia palavras de promoção aos livros sobre Hitchcock de que gosta ou que considera que têm valor. Costuma dizer (já a ouvi referir em várias circunstâncias): «O segredo do sucesso do cinema do meu pai é que ele trabalhava sempre a pensar no prazer das audiências

Patricia não parece interessada em fazer grandes abordagens de contéudo crítico à obra de Hitchcock. Nem parece saber muito de Cinema ou de filmes. Aquilo que ela melhor poderá pronunciar é como foi ser filha desse homem tão peculiar – que se converteu num ícone do século XX.

Dos palcos da Broadway em produções como «Solitaire» (1942) e «Violet» (1944) até ao casamento com Joseph O’ Connel, em 1952, houve uma viragem na sua perspectiva de vida. Converteu-se numa ilustre dona de casa, mãe de três filhas e depois avó.

Patricia fez 80 anos no passado dia 7 de Julho. Nasceu em 1928 na Grã-Bretanha e mudou-se com os pais para Hollywood, em 1939 quando Hitchcock foi convidado por David O. Selznick para realizar «Rebecca». No percurso da sua carreira cinematográfica, os momentos em que trabalhou com o pai ainda serão os mais significativos.
Conta-se que no termo das gravações de um episódio da série televisiva de Hitch, ele terá gostado tanto da sua participação que terá sentenciado com um orgulho incontido: «Não foi mesmo bem esta jovem e talentosa actriz?»

1 comentário:

Flávio disse...

Parabéns à distinta senhora.