terça-feira, junho 21, 2005

O PONTO DE PARTIDA

Isso da identidade pessoal de cada um de nós tem muito que se lhe diga. Deixem-me contar-vos desde já que estudei Antropologia e que, portanto, me sinto minimamente habilitado para falar daquilo que pode moldar a personalidade de um ser humano. Bem sei que é inevitável que se fale da soma de muitos factores biológicos, sociais e culturais. Mas é também certo que o percurso biográfico de alguém é sempre marcado pelo nível dos seus interesses e paixões particulares.
Vejam-me como um hitchcockiano. Conto publicar aqui, com regularidade, crónicas sobre o Cinema, a Vida e o Suspense. Três valores esses que serão temáticas permanentes nas minhas reflexões.
Procurarei aqui nunca parecer entediante nem presunçoso; escrever sobre o que me agrada e motiva a compor um texto; e não esquecer que escrevo para ser lido. Porque escrever é um meio de comunicação e não tão só um meio de encontro do escritor consigo mesmo e com os seus ideais.
Claro está que um dos pontos de referência das minhas crónicas será a figura de Alfred Hitchcock. O que ela significa para o Cinema e como reflecte perspectivas de vida e conceitos culturais variados. Já saberão portanto que Hitchcock será uma figura emblemática da minha escrita neste blogue. Mas não pretendo construir um site sobre o cineasta e sobre a sua filmografia. Procurarei antes contar a quem me ler como algum do cinema de Hitchcock me tem influenciado. Quero escrever sem moldes estritamente definidos. Escrever sem orientações rígidas. Cada crónica terá a sua vida própria e cumprirá o seu objectivo mas gostava de pensar que o conjunto de todos os textos aqui apresentados reflectirá uma lógica e uma coerência uniformes.
Como devem calcular, não poderei dedicar a este espaço de comunicação todo o tempo e atenção que entendo seriam desejáveis. Mas procurarei ser fiel à disciplina de publicar regularmente um texto, não esquecendo nele as temáticas incontornáveis: O Cinema, a Vida e o Suspense.
Sou um cinéfilo mas não me devem ler como um crítico de cinema esclarecido. Nem tão pouco como um filósofo ou um cientista social.
Perdoem-me se estas linhas carecerem de humor e de irreverência. Sou daquelas pessoas que avalia a dificuldade inerente à criação de um filme cómico. É que é necessária uma capacidade inata para conseguir provocar o riso nos outros. Se não se nasce com ela, dificilmente ela vai ser adquirida no decurso da vida. Quem não tem essa capacidade, terá de ser muito inteligente ou um bom gestor de ideias. Porque o humor é imprescindível.
Não faço rir intensamente os meus amigos mas gosto imenso que eles me façam rir. Por isso, sinto quanto o humor é sobejamente importante em qualquer criação humana.
Bem sabemos que Alfred Hitchcock era um defensor do humor nos seus filmes. Constatava ele, com frequência, que enquanto o espectador risse de uma graça ocasional, logo o seu interesse pela trama principal seria retomado e reforçado. O riso descontrai e uma gargalhada pontual quebra a monotonia emocional e ajuda a manter um bom ritmo narrativo.
Por isso, nunca se menospreze o valor e a utilidade do humor. Acho que sou um homem sério e frequentemente cizudo e circunspecto. Mas não me levem demasiadamente a sério. Nem tão pouco me identifiquem com um intelectual esclarecido apostado em ensinar aos outros como devem entender a Vida e o Cinema. Vejam-me antes como um hitchcockiano... Nada mais...

2 comentários:

Bodião disse...

Espero que inicies em breve esta tua nova saga. Vou continuar à espreita e a interagir sempre que for possível. Até já

Filipe Verde disse...

Li com muito interesse, espero que continue, vá aprofundando e explorando os temas que se propõe discutir. Cá estaremos para o ler e para apreender o modo como podemos pensar a vida pelas lentes de Hitchcock - o que, pela amostra, parecer poder ser de facto interessante. Ficamos à espera.

F. Verde