sábado, agosto 13, 2005

HITCHCOCK FAZ HOJE 106 ANOS


É verdade, meus amigos leitores. Alfred Hitchcock completa hoje 106 anos. Nem interessa que tenha viajado para outras paragens e em conluio com Deus nos esconda a sua localização. Talvez algures nos espreite, hoje sabendo mais do que outrora, vigiando certas acções nossas e sorrindo ante as limitações do nosso pensamento e da nossa compreensão da Vida. Talvez como um voyeur-modelo - tipo James Stewart em "Janela Indiscreta" - ele nos espreite no quotidiano das nossas vidas atribuladas. E se ria de nós quando tropeçamos no tapete da nossa sala ou sempre que pisamos uma pastilha elástica.

Parece-me que ele bom pode estar comodamente sentado num camarote junto a Alma, sua esposa, devorando com o olhar imagens do nosso belo pleneta tão vitimado pela maldade humana, pelo egoismo e pela ambição. E pela violência que ele retratou nos seus filmes quase sempre com humor e ironia.

Gostava de vos contar hoje as origens da minha cinefilia. Mas dificuldades alheias à minha vontade me impedem de escrever muito tempo. Hoje relembro o nascimento de Hitchcock - que ocorreu a 13 de Agosto de 1899. Toda a obra do mestre inglês se centrou na confrontação de realidades distintas: segurança e perigo ; lucidez e loucura; rotineiro e extraordinário; vida e morte. Hoje tanto me parece pertinente falar do seu nascimento como da sua morte porque afinal toda a existência humana está condicionada pela ideia da Morte e a Morte não pressupõe outra coisa que não uma vida que chegou ao fim.

Hitchcock morreu em 1980. Estava velho, cansado e doente. Bem pode ter morrido no sentido literal do termo. Os seus restos mortais (depositados numa campa cuja localização não é do conhecimento público) podem dizer que o seu corpo pereceu. Mas criadores como ele nunca morrem verdadeiramente.

Os filmes de Hitchcock perpetuam a sua vida e a lembrança que temos dele. Ele tinha por hábito aparecer sempre no mundo dos seus personagens (figurando lado a lado com os actores em discretas mas sintomáticas aparições). De certa forma, hoje ele está presente no nosso mundo de modo similarmente enigmático. Vemos o seu rosto, escutamos a sua voz, lemos os seus escritos. Mas, acima de tudo, embarcamos no universo mirabulante das suas histórias, aquelas que ele concebeu (quase) a seu belo prazer.

Assim, desta forma, abrevio os meus comentários e pergunto: Não estará Hitchcock mais vivo do que muitos de nós? Está vivo e congratulo-o pelo seu 106º Aniversário!



Nota adicional: Faleceu, esta semana, a actriz Barbara Bel Geddes. Foi a Midge do filme "Vertigo" de Hitchcock. Desempenhou, nesta película, um papel de elevado interesse artístico. Também rodou com Hitchcock um dos episódios que este realizou para televisão. Hitchcock gostava dela. Da sua simplicidade e entrega. Da honestidade que revelava diante das câmaras. Até sempre...

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