sexta-feira, dezembro 23, 2005

UM NATAL COM HITCHCOCK



Sempre que alguém se refere ao domínio da Música no universo de Hitchcock, um nome é absolutamente incontornável: o do compositor Bernard Herrmann. O seu trabalho, a sua vida e a sua extensa colaboração com o Mestre do Suspense oferecem-me mil ideias sobre as quais gostaria de escrever.

Na semana das festas natalícias, aproveito para relembrar o nome de Bernard Herrmann. Ele faleceu no dia de Natal do ano de 1975. Foi há trinta anos, exactamente. Após ter completado as gravações da música que compôs para o filme de Martin Scorsese, “Taxi Driver” (1975).

Herrmann foi nada menos do que um dos melhores compositores de Música para Cinema. Trinta anos depois, saúdo o seu trabalho, a sua genialidade e a sua perseverança. E prometo apresentar aqui um texto de evocação da sua obra.

Estamos na semana do Natal. Esta época festiva traduz-se em muitas expressões de amor e em gestos que simbolizam o ideal da fraternidade entre todos os homens. O Cinema está repleto de filmes fabulosos que nos ensinam muito do que podemos aprender com o espírito natalício.

Vejam, por exemplo, uma obra-prima de Frank Capra chamada “Do Céu Caiu Uma Estrela” (1946). Ou reparem na beleza emocional que deriva de filmes especiais como “O Vale era Verde” (1941) de John Ford, “O Feiticeiro de Oz” (1939) de Victor Fleming, “Música no Coração” (1965) de Robert Wise ou “ET” (1982) de Steven Spielberg. São obras poéticas que iluminam muitos momentos de festa passados em família.

Claro que não vejo no suspense macabro de Hitchcock qualquer traço dos ideais do Natal. Mas, se dizem que o Crime não compensa, confesso aos meus leitores que tenho vivido felizes momentos natalícios em redor dos crimes hitchcockianos. Os meus amigos conhecem-me bem e costumam oferecer-me filmes e livros sobre Cinema. Portanto, bem podem imaginar como vivo certas tardes de dia de Natal. E escrevo: um bom crime hitchcockiano também é uma dádiva de Deus.

Não creio que Hitchcock fosse capaz de filmar um genuíno e natural filme de Natal. Porque não lhe interessava conceber um filme proveniente desse universo. Mas quem sabe o que era possível? (Não quis Hitchcock filmar uma obra inteiramente na Disneylândia? Teria sido interessante observar o resultado final de um tal trabalho. Mas Walt Disney terá repudiado veementemente a ideia!)

Um filme de Natal hitchcockiano? O mais provável é que no argumento dessa obra incrível, estivesse um corpo debaixo da mesa da Consoada. E que o mais belo embrulho colocado junto à árvore de Natal fosse um frasco de veneno. Mas o Natal hitchcockiano seria mesmo assim…

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