domingo, setembro 04, 2005

A MULHER HITCHCOCKIANA - Parte I

Amigos leitores, hoje começarei a partilhar convosco algumas reflexões sobre a vertente feminina da raça humana. As mulheres...
É impossível ignorá-las ou menosprezar o seu poder. Por detrás da aparência de um certo tipo de fragilidade, há em muitas delas uma força hercúlea. Além disso, são mais numerosas do que os homens, mais resistentes, vivem mais tempo... Há senhoras indefesas que vêem morrer 2, 3 ou 4 maridos. E conseguem acumular a riqueza deles todos. São animais de elevada capacidade de resistência, astutos, que sabem usar caprichosamente os seus recursos.

As mulheres na perspectiva de Hitchcock... Quem são e que importância têm? Há um protótipo de Mulher no cinema de Hitchcock: É loira e sofisticada. Insinua solenemente a sua sensualidade. Pode manifestar-se em qualquer momento um ser calculista, perigoso e suspeito. Esconde as suas emoções e consegue, deliberadamente ou não, manupular os sentimentos dos homens. É a mulher tipicamente hitchcockiana. Também poderá ser uma companheira para a partilha dos perigos da Vida.

Hitchcock chegou a admiti-lo: interessavam-lhe as mulheres que não fossem evidentes, as que seduzem através de uma postura misteriosa ou enigmática. Essas ofereciam-lhe o modelo ideal para as heroínas dos seus filmes. Ele terá dito: "O suspense é como uma mulher; quanto mais for deixado à imaginação, melhor."

Curiosamente, Alma Reville foi a única esposa de Alfred Hitchcock e não correspondia de modo algum a este modelo. Era uma senhora de estatura pequena e aspecto cândido e modesto. Morena, simples, nada requintada ou inquietante. Ela e Alfred Joseph foram companheiros durante uma vida inteira e não partilhavam só a mesa das refeições e o local de repouso. Ela teve uma participação activa e importante na construção de muitos dos filmes do marido. Fazia sugestões, participava na construção das histórias e Hitchcock gostava de saber a sua opinião sobre matérias variadas. Correntemente, o casal lia em conjunto as diversas propostas de trabalho. E muitos sabiam que Alma também tinha sempre uma palavra a dizer.

Permanecerá para sempre poética e sentimental a distinção feita por Hitch a quatro mulheres da sua vida: foi no discurso que proferiu aquando da entrega do Live Achievement Award (em Março de 1979), um ano antes da sua morte. Ele citou: uma montadora de filmes especial; uma argumentista; a mãe da sua filha Patricia; e a grande cozinheira que lhe preparou os maiores milagres culinários. Essas quatro mulheres eram uma a a mesma só: Alma Reville.

Seria uma ironia do Destino que Alma fosse tão diferente de Grace Kelly e de Tippi Hedren? E que Alfred Joseph tivesse uma aparência tão distinta de Cary Grant, de Rod Taylor ou de Gregory Peck?

(continua...)

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